A polarização política no Brasil deixou de ser apenas ideológica — virou identidade. Nas redes sociais, o debate se transformou em confronto, onde argumentos são substituídos por rótulos, e a escuta cede lugar à performance.
Segundo o cientista político Felipe Nunes, autor do livro Brasil no Espelho, há um “cansaço da polarização” entre os jovens, que estão migrando para posições mais centristas. A pesquisa da Quaest, com quase 10 mil entrevistas, revela um país inseguro, desconfiado e cada vez mais individualista, onde o embate político virou parte da rotina emocional.
Mas o fenômeno não é só geracional. Um estudo da organização internacional More in Common, em parceria com o instituto Quaest, mostra que apenas 11% da população brasileira realmente vive em polos ideológicos extremos. Ainda assim, esse grupo domina o debate público, especialmente nas redes sociais.
A polarização virou espetáculo. E como em todo espetáculo, o que importa não é o conteúdo — é a plateia.
Enquanto isso, o centro silencioso do país assiste, cansado, ao Fla-Flu político que tomou conta das timelines.
Tags:
POLÍTICA