Janones em Havana: Tomahawk, Impasse e Polêmica em Cuba
O deputado federal André Janones (Avante-MG) protagonizou um episódio que rapidamente se espalhou pelas redes sociais e portais de notícia: uma confusão em um bar de Havana, Cuba. O cenário do incidente foi o charmoso restaurante "La Vitrola", situado na histórica região de Havana Vieja, um ponto turístico bastante popular. O que era para ser uma noite de degustação de um corte nobre de carne, o tomahawk, transformou-se em um imbróglio financeiro e verbal.
Segundo relatos que chegaram à coluna do jornalista Igor Gadelha, Janones, ao receber a conta, percebeu que não tinha fundos suficientes para saldar o valor total. O tomahawk, sugestão dos garçons, custava 30 mil pesos cubanos, o que, na cotação oficial, ultrapassa os R$ 7 mil. No entanto, a realidade do câmbio paralelo, amplamente utilizado por turistas, aponta para um valor mais "palatável": cerca de 120 dólares, ou aproximadamente R$ 650. A discrepância entre as cotações, somada à falta de dinheiro em espécie, teria gerado o descontentamento do deputado.
A situação escalou quando Janones, visivelmente irritado, proferiu xingamentos contra o país e a cidade, utilizando termos como "merda de país" e "porcaria de cidade". Acompanhado de uma mulher, o deputado deixou o restaurante, retornando minutos depois com o dinheiro necessário para quitar a dívida. O episódio, que poderia ter se encerrado com o pagamento da conta, ganhou contornos de polêmica devido aos comentários depreciativos atribuídos ao parlamentar.
Janones está em Cuba para participar das celebrações do Dia Internacional do Trabalhador, em 1º de maio. Curiosamente, em suas redes sociais, o deputado teceu elogios ao país, descrevendo-o como "o país onde o impossível se fez possível". A aparente contradição entre os elogios públicos e os xingamentos relatados no restaurante gerou questionamentos e debates nas redes sociais.
Em resposta às acusações, Janones negou veementemente qualquer conflito com os funcionários do restaurante. Ele afirmou que não teve a intenção de prejudicar a reputação do estabelecimento ou dos trabalhadores locais. Segundo sua versão, a necessidade de buscar dinheiro em espécie no hotel, devido à perda dos valores que tinha consigo e à recusa do restaurante em aceitar cartão, foi a única razão para sua ausência temporária.
"Nenhuma discussão aconteceu com os funcionários do restaurante e em nenhum momento tive a intenção de manchar a imagem do estabelecimento ou de seus colaboradores. A situação foi que eu precisei ir ao hotel buscar dinheiro, uma vez que havia perdido o que tinha levado e o restaurante não aceitava cartão como forma de pagamento. Então, fui até o hotel, que ficava próximo, peguei o dinheiro e voltei para quitar a conta", esclareceu Janones.
O incidente levanta questões sobre o comportamento de figuras públicas em viagens internacionais, a sensibilidade cultural e a importância de lidar com situações adversas de forma diplomática. A polêmica também destaca a complexidade da economia cubana, com suas múltiplas taxas de câmbio e a dependência do dinheiro em espécie, especialmente para turistas. A situação gerou repercussão na mídia brasileira e cubana, alimentando debates sobre a conduta do deputado e as peculiaridades da vida em Cuba.
Apesar da explicação de Janones, o episódio deixou marcas e gerou discussões acaloradas nas redes sociais. A dualidade entre os elogios públicos e os supostos xingamentos privados alimentaram críticas e questionamentos sobre a autenticidade das declarações do deputado. A polêmica também reacendeu o debate sobre a imagem do Brasil no exterior e a responsabilidade dos representantes políticos em suas interações com outras culturas.
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