Lula Pula o 1º de Maio: Divergências Sindicais e "Puxão de Orelha" do Passado Pesam na Decisão
O presidente Lula (PT) resolveu dar um "olé" nas comemorações do Dia do Trabalhador deste ano, no próximo feriado de 1º de maio. A decisão, que pode parecer um tanto quanto surpreendente, vem após um episódio no ano passado, quando o petista não escondeu a frustração com a falta de público no evento organizado pelas centrais sindicais no estádio do Corinthians, em Itaquera, São Paulo. A ausência de Lula no 1º de maio é motivada por divergências entre as centrais sindicais. O presidente expressou frustração com a falta de público em evento anterior.
Fontes do Palácio do Planalto revelaram que o principal motivo para a ausência do presidente são as divergências entre as centrais sindicais, que não conseguiram chegar a um consenso para realizar um ato unificado este ano. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), por exemplo, decidiu não participar da organização do evento no Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo, promovido por outros sindicatos, como a Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central Sindical de Trabalhadores e Pública. A CUT discorda da realização de sorteios de brindes para atrair os trabalhadores ao local, o que gerou um racha na organização. A CUT não participará do evento no Campo de Bagatelle devido a discordâncias com outras centrais sindicais. A realização de sorteios de brindes para atrair público é um dos pontos de discórdia.
Para complicar ainda mais o cenário, alguns sindicatos menores planejam realizar um ato paralelo em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, cidade que é considerada o berço político de Lula, onde ele iniciou sua trajetória como líder sindical há 50 anos, à frente do Sindicato dos Metalúrgicos. Com uma agenda já bastante apertada, o presidente não conseguiria garantir presença nos dois eventos, o que pesou na decisão de ficar de fora das comemorações oficiais. A agenda lotada de Lula e a realização de um ato paralelo em São Bernardo do Campo contribuíram para sua ausência. A importância política de São Bernardo do Campo para Lula é um fator relevante.
Nos dois primeiros anos de seu atual mandato, Lula marcou presença nos atos das centrais sindicais realizados em São Paulo no 1º de maio, demonstrando a importância que o movimento trabalhador tem para o seu governo. Em 2022, em plena pré-campanha para as eleições presidenciais, o petista também se reuniu com trabalhadores e sindicalistas em um evento no Pacaembu, buscando o apoio da classe trabalhadora para sua candidatura. A participação de Lula nos atos de 1º de maio nos primeiros anos de seu mandato e em eventos pré-eleitorais demonstra a importância do movimento sindical para o PT.
Contudo, o evento de 2024, realizado em Itaquera, que acabou se tornando uma espécie de "esquenta" da campanha de Guilherme Boulos (PSol), candidato apoiado por Lula nas eleições municipais na capital paulista, rendeu uma dor de cabeça para o presidente. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o multou por pedir votos ao candidato do PSol antes do período eleitoral permitido, demonstrando a linha tênue entre o apoio político e a propaganda irregular. O evento de 2024 em Itaquera gerou multa para Lula por propaganda eleitoral antecipada em favor de Guilherme Boulos.
Naquele mesmo evento em Itaquera, Lula não poupou o secretário-geral da Presidência, Márcio Macêdo, ao criticar publicamente a baixa adesão de público. Em tom de "puxão de orelha" ao seu próprio governo, Lula disparou: "Não pense que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e eu disse para ele: ‘Oh Márcio, o ato está mal convocado. O ato está mal convocado. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar’", em clara referência à edição anterior do evento e cobrando maior mobilização para o ato em questão. A crítica de Lula à falta de público no evento de 2024 e a cobrança de maior mobilização demonstram sua insatisfação com a organização.