"Abril Vermelho" Aterra no Brasil: MST Intensifica Invasões e Acende Debate Agrário
Pois é, parece que abril se consolidou como o mês de "tensão fundiária" no Brasil, ao menos na agenda do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A galera do movimento elevou o tom e, segundo suas próprias contas, fincou bandeira em nada menos que 35 propriedades rurais distintas, espalhadas por 20 unidades da federação neste "Abril Vermelho" de 2025. E a mobilização não é para principiantes, viu? As estimativas apontam para um exército de mais de 50 mil militantes engajados ativamente nessas ocupações simultâneas pelo país afora. A onda de invasões do MST no "Abril Vermelho" de 2025 reacende o debate sobre a reforma agrária no Brasil.
A justificativa central do MST para essa nova onda de invasões, que volta a tensionar o cenário agrário nacional, ecoa um discurso já conhecido e historicamente defendido pelo movimento: a necessidade urgente de expropriação de terras que eles categorizam como "improdutivas". Na perspectiva do MST, vastas extensões de propriedades rurais no Brasil não estariam cumprindo a chamada "função social" da propriedade, um princípio fundamental previsto na Constituição Federal. Esse é um debate antigo e intrincado, repleto de arestas e divergências ideológicas, com argumentos sólidos sendo apresentados por ambos os lados da questão sobre o que realmente configura uma terra produtiva e qual o verdadeiro papel social da propriedade no contexto brasileiro. A função social da propriedade é o principal argumento do MST para as ocupações de terras.
E não se iluda quem pensa que o "Abril Vermelho" de 2025 surgiu do nada, como um raio em céu azul. Bem antes de as tradicionais águas de abril darem o ar da graça, o MST já havia dado o seu "cartão de visitas" com uma série de ações coordenadas em diversas regiões do país. Entre os dias 14 e 17 de março, o movimento contabilizou nada menos que 70 ações de diferentes naturezas em todo o território nacional, demonstrando que a luta pela reforma agrária e a pressão por mudanças na estrutura fundiária não são pautas exclusivas do mês de abril, mas sim uma mobilização constante e estratégica ao longo do ano. A histórica mobilização do MST pela reforma agrária se intensifica no "Abril Vermelho".
Para ilustrar a intensidade e a abrangência geográfica das ações do MST neste "Abril Vermelho", alguns exemplos práticos revelam a dimensão da movimentação. Em Goiana, município de Pernambuco, cerca de 800 membros do MST não fizeram cerimônia e ocuparam as instalações da Usina Santa Teresa, um importante empreendimento agroindustrial da região. Já em Águas Belas, também no estado de Pernambuco, foram 120 famílias que invadiram a Fazenda Barra da Ribeira, reivindicando a posse da terra para fins de assentamento. O estado da Paraíba também não escapou da onda de ocupações: em Solânea, 50 famílias ocuparam a Fazenda Carvalho, enquanto em Santa Rita a situação foi ainda mais expressiva, com a invasão de uma granja por cerca de 500 pessoas. Esses exemplos pontuais pintam um verdadeiro mapa de ocupações e tensões agrárias que se espalham por diversas regiões do Brasil. As ocupações do MST em Pernambuco e Paraíba demonstram a abrangência das ações no "Abril Vermelho".
Enquanto o MST segue firme em sua tática de pressão, contando, segundo análises da imprensa e de alguns setores políticos, com um certo "olhar amigo" e uma suposta leniência por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação às invasões de terras, a oposição política já acendeu o sinal de alerta e elevou o tom das críticas. Diversos políticos da oposição têm batido na tecla da necessidade de impedir categoricamente esses "ataques" às propriedades rurais, defendendo intransigentemente o direito constitucional à propriedade privada e a crucial segurança jurídica no campo, pilares que consideram essenciais para o desenvolvimento do agronegócio e a estabilidade econômica do país. O clima político, como se percebe, é de crescente tensão e de lados bem definidos e antagônicos nessa complexa história da reforma agrária. A oposição critica a postura do governo Lula em relação às invasões de terras do MST.
A intrincada questão da reforma agrária no Brasil é um nó antigo e complexo, carregado de paixões ideológicas, disputas de poder e interesses econômicos conflitantes. De um lado do espectro, o MST e outros movimentos sociais do campo defendem com veemência a necessidade de uma ampla e urgente redistribuição de terras como um imperativo de justiça social, buscando corrigir as históricas desigualdades na estrutura fundiária do país e garantir o cumprimento da tão falada função social da propriedade. Do outro lado, os proprietários rurais, representados por poderosas entidades do agronegócio, argumentam que as invasões de terras geram um clima de profunda insegurança jurídica no campo, prejudicam a produção agrícola, afugentam investimentos cruciais para o setor e, em última instância, afetam negativamente a economia nacional como um todo. O debate sobre a reforma agrária no Brasil envolve diferentes visões sobre justiça social e direito à propriedade.
No meio desse acirrado fogo cruzado de opiniões e interesses, o governo Lula tenta encontrar um delicado caminho de diálogo e negociação com os diferentes lados envolvidos, buscando avançar na pauta da reforma agrária, uma promessa de campanha cara ao seu eleitorado, sem acirrar ainda mais os ânimos já exaltados no campo e sem comprometer o diálogo com o influente setor produtivo. A promessa de campanha de dar um novo e vigoroso impulso à reforma agrária esbarra na complexa realidade de um Congresso Nacional profundamente dividido e nas fortes pressões exercidas pelo poderoso setor do agronegócio. O "Abril Vermelho" de 2025 se configura, assim, como mais um tenso e emblemático capítulo dessa longa e persistente novela agrária brasileira, com desfecho ainda incerto. O governo Lula busca um diálogo entre o MST e o agronegócio para avançar na reforma agrária.